"Ensaio Sobre a Cegueira" é uma das obras mais famosas do escritor português José Saramago, publicada em 1995.
O livro é uma alegoria poderosa sobre a condição humana, a fragilidade da civilização e as consequências do colapso da ordem social.
Em 1998, Saramago recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, e "Ensaio Sobre a Cegueira" é considerada uma das principais razões para essa conquista
Enredo
A história se passa em uma cidade não identificada, onde uma misteriosa epidemia de "cegueira branca" começa a se espalhar de forma incontrolável. As pessoas afetadas veem apenas uma luminosidade branca, como se estivessem imersas em uma névoa densa. O governo, temendo o contágio, isola os primeiros infectados em um antigo manicômio, mas a medida não impede que a epidemia atinja a cidade inteira.
No local de quarentena, os cegos passam a enfrentar situações extremas, revelando o quanto a moral e a ética podem se desintegrar diante da ausência de controle e autoridade. O centro da narrativa é a "mulher do médico", a única personagem que não fica cega e que testemunha a degradação humana, mas também atua como guia e protetora dos outros.
Temas Principais
1. Alegoria da cegueira – A "cegueira branca" simboliza a alienação, a perda da empatia e o egoísmo. Não é uma cegueira física, mas uma metáfora para a falta de visão moral e social.
2. Desintegração social – Com a epidemia, as estruturas sociais colapsam. O livro mostra como, diante do caos, o ser humano pode regredir a um estado de selvageria.
3. Poder e opressão – Dentro do manicômio, surgem formas de tirania e exploração, representando as relações de poder e o comportamento humano diante do desespero.
4. Solidariedade e esperança – Apesar de toda a violência e o horror, o grupo liderado pela mulher do médico encontra, em pequenos gestos, a possibilidade de reconstrução e solidariedade.
Estilo
José Saramago utiliza uma narrativa densa e contínua, com poucos parágrafos e o uso mínimo de pontuação convencional (especialmente as aspas e os travessões). Os diálogos são incorporados diretamente ao texto, sem marcas de identificação claras, o que exige maior atenção do leitor. Essa escolha estilística reforça a sensação de desorientação e caos.
Adaptações
O livro foi adaptado para o cinema em 2008, dirigido por Fernando Meirelles, com Julianne Moore e Mark Ruffalo nos papéis principais. Apesar de ser fiel à essência do livro, a adaptação gerou controvérsia, especialmente pela maneira como retrata a cegueira e as pessoas com deficiência visual.
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